A Chuva de Outono É uma Chuva Assim, Fraquinha

O Outono trouxe a chuva. Não é aquela chuva-chuva, que requer guarda-chuva e alimenta as barragens, mas aquela molha-tolos, que borrifa, como se alguém cuspisse em cima.
Tinha ido ao super-mercado comprar umas mercearias, tipo arroz, esparguete, umas latas de atum, um queijo, uma garrafa de vinho de Borba… E quando saí, deparei-me com aquela cena: montes de gente apanhada de surpresa pela chuva, aguardava, cheia de sacos de plástico com as compras, que ela parasse. Abeirei-me da porta e sorri. A chuva era mesmo um borrifo. Sai para a rua e, por momentos, senti-me transportado para África. Não estava frio e, os borrifos de chuva que me caíam, colavam-se-me como a humidade. Ensopava, não muito, e transpirava. Foi um flash alegre num princípio de noite sem nada de especial.
Cheguei a casa e ela tinha a mesa posta. Agarrou o saco com as compras enquanto fui à casa-de-banho.
Quando regressei, tinha vinho no copo, o queijo encetado e um bocado de pão à minha espera. Sentei-me, perguntei-lhe se não comia e respondeu-me Já comi uma sopinha, não preciso de mais, estou bem.
Cortei um bocado de queijo, rasguei um bocado de pão e coloquei na boca. Bebi um gole de vinho.
Lá fora a chuva estava indecisa. Não sabia se parava de vez se vinha com mais força. Eu continuei a beber o vinho. Gosto do alentejano. E caguei para a chuva. Às vezes chega-me ser isto. Assim. Só.

[escrito directamente no facebook em 2017/09/24]

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